08/02/2015

O que Deus fazia antes da criação?

Por André Aloísio

Agostinho, em suas Confissões, fala de pessoas do seu tempo que respondiam à pergunta “o que Deus fazia antes da criação?” de maneira jocosa, dizendo que Deus “preparava o inferno para os que perscrutam esses mistérios profundos”. Porém, não precisamos responder dessa maneira. Aqui não estamos lidando com as coisas encobertas, que pertencem somente ao SENHOR, mas com as reveladas, que pertencem a nós e a nossos filhos para sempre (Dt 29.29). Jesus responde a essa pergunta de modo claro em Sua Oração Sacerdotal: “Pai, [...] me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24).

Antes da criação, Deus Pai amava Deus Filho. O Verbo que já existia no princípio e que era Deus também estava no princípio “com Deus” ou “face a face com Deus” (Jo 1.1). Ele, que é o Filho unigênito, sempre esteve no “seio do Pai” (Jo 1.18), numa relação de extrema intimidade. Tão grande é o amor que aproxima e une o Pai e o Filho que Jesus pode afirmar que “o Pai está em mim, e eu estou no Pai” (Jo 10.38).

O Pai demonstra Seu amor eterno pelo Filho dando-Lhe o Espírito Santo. No batismo de Jesus, que é um reflexo da relação eterna entre o Pai, o Filho e o Espírito (Sl 2.7), Deus Pai envia dos céus o Espírito Santo sobre o Filho (Mc 1.10), ungindo-O sem medida com o Espírito (Jo 3.34), e Lhe declara Seu amor: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Mc 1.11). O Filho, por sua vez, responde a esse amor, dizendo “eu amo o Pai” (Jo 14.31) e exultando no Espírito Santo por essa intimidade (Lc 10.21,22). Assim, Pai e Filho amam-se eternamente na comunhão do Espírito Santo (2Co 13.13) e estão tão unidos ao Espírito que, onde o Espírito está, ali estão também os dois (Jo 14.16-18,23).

O que Deus fazia antes da criação? Ele amava! “Deus é amor” (1Jo 4.8)! E a maravilha de tudo isso é que nós podemos participar desse amor da Trindade por meio do Filho. Ele veio revelar o Pai para que o mesmo amor com que o Pai O amou esteja em nós (Jo 17.26; 1Jo 4.9,10,13). Creia no Filho por meio do Espírito Santo e, assim, desfrute do eterno amor do Pai!

01/02/2015

A justiça e a paz se beijaram

Por André Aloísio

O filme Os Miseráveis (2012), baseado no livro de mesmo nome de Victor Hugo (1802-1885), apresenta o maior dilema da humanidade: como a justiça e a misericórdia podem existir juntas. No filme, Javert é um policial que quer que a justiça seja cumprida nos seus mínimos detalhes, sem lugar para a misericórdia. Valjean, por outro lado, é um ex-presidiário que consegue demonstrar misericórdia, mas à custa da justiça. Assim, justiça e misericórdia são apresentadas como contrárias em todo o filme, o qual termina sem uma solução para esse conflito.

Esse é um problema real. Como alguém pode ser justo e, ao mesmo tempo, misericordioso? Ou, em um plano mais elevado, como Deus pode perdoar pecados sem se tornar injusto? Que Deus seja ao mesmo tempo misericordioso e justo é um fato revelado a Moisés, quando Deus lhe mostra Sua glória e afirma que “perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocente o culpado” (Ex 34.7). Mas como isso é possível? Como um juiz justo pode inocentar um réu culpado sem agir injustamente (Pv 17.15)? Como um Deus justo pode perdoar um pecador sem se tornar injusto?

Jesus é a resposta! Ele veio ao mundo para levar sobre Si o pecado de pecadores e ser condenado, na cruz, no lugar deles. “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele”, pois “o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Is 53.5,6). Em Cristo, Deus condenou o pecado dos pecadores (2Co 5.21), de tal modo que Deus pode ser, ao mesmo tempo, “justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.26). Deus pode ser misericordioso com pecadores como você e perdoá-los, sem cometer injustiça, porque Sua justiça foi satisfeita na cruz.

Em Cristo, “a justiça e a paz se beijaram” (Sl 85.10). Creia nEle e desfrute da misericórdia do justo Deus!

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